“A ARTE IMITANDO A VIDA E A VIDA IMITANDO A ARTE” - 12/08/2009
Quando se fala em teatro, pensamos freqüentemente em grandes estruturas com palco, textos altamente rebuscados, ingressos caros e glamour. Porém, para que essa atividade aconteça são apenas necessários o público, o ator e a representação de uma história. São eles que fazem com que a apresentação ganhe vida e consiga despertar nos espectadores os mais variados sentimentos.
Ao assistimos a uma peça de teatro nos deparamos, na maioria das vezes, com cenas que representam nosso cotidiano, seja uma comédia, um romance, ou até mesmo um drama... É no teatro que ganhamos a liberdade de sermos pobres, ricos, bons, maus, sonhadores... Este é o jeito que o artista encontra de expressar sentimentos através de ações e de contar histórias que nos farão rir, chorar, perder o fôlego e até mesmo refletir sobre determinados assuntos.
E é sobre essa reflexão que venho tratar neste texto, é através das apresentações teatrais que somos convidados, muitas vezes, a repensar nossas atitudes. Não é difícil encontrar grupos teatrais que se preocupem em abordar esses temas; a maioria das peças existentes já traz em si uma “moral da história”. Mas quero me deter neste texto aos pequenos grupos, geralmente formados por artistas não tão famosos que se utilizam dessa arte para mostrar o quanto todos nós somos responsáveis por nossas atitudes e o quanto podemos impactar de forma positiva na sociedade em que vivemos.
Geralmente essas apresentações, com conteúdo educativo e reflexivo, são feitas em escolas, igrejas ou até mesmo nas ruas, e os temas são os mais variados possíveis: corrupção, desmatamento, violência, preconceito, drogas, com os quais convivemos diariamente. Não é difícil se identificar com alguma dessas histórias, seja porque já passamos por ela ou porque conhecemos alguém que já vivenciou algo parecido. Isso faz com que os espectadores se sintam envolvidos por saberem que indiretamente também são um pouco de cada ator que está em cena.
O uso dessa arte se mostra tão eficaz que a maioria das escolas adota esse procedimento para conscientizar os alunos sobre assuntos importantes, nos quais eles mesmos viram os atores e passam a vivenciar e entender o problema, ou experimentam uma realidade na qual não estão diretamente envolvidos. A atuação nas igrejas também é importante, pois é um momento em que parte da sociedade se reúne e já possuem um objetivo em comum, então fica mais fácil passar a mensagem.
Esta conexão estreita entre o teatro e a realidade, a vida e o mundo é a sintonia que faz com que muitas vezes seja difícil distinguir a vida da arte, pois ambas são complementares. Um espetáculo teatral é um encontro no momento, várias pessoas juntas acompanhando e se emocionando pelos mesmos acontecimentos. Viver essa experiência é o que vai fazer toda a diferença. Fazer com que essa arte possa ganhar espaço entre a sociedade é deixar que a consciência se faça despertar entre as pessoas, e percebemos que a sutil diferença entre a vida e o espetáculo é que a vida continua depois que as cortinas se fecham!
“O mundo é um palco, e todos os homens e mulheres, meros atores. Têm suas entradas e suas saídas;
Cada pessoa na sua vida representa vários papéis.” (Como Quiser, de William Shakespeare)
Por Eline Penalva - GRUTAS