Teatro em Pernambuco: Uma história de lutas e sonhos
A história do teatro em Pernambuco começou por volta de 1839. A ideia era a construção de um teatro público no Recife, elaborada pelo então presidente da província, Francisco Rego Barros. Para viabilizar o projeto e por falta de mão de obra especializada no Estado, ele trouxe inúmeros profissionais europeus para execução do projeto do novo teatro.
Durante todo o período de construção era chamado de Teatro de Pernambuco. Teve sua inauguração em 18 de maio de 1850 e seu nome foi alterado para Teatro Santa Isabel, em homenagem a princesa Isabel, filha do imperador Pedro II. Hoje ele é reconhecido como o teatro mais antigo ainda em funcionamento da América Latina, foi palco não apenas de peças e óperas, mas de fatos importantes da nossa história, como conferências em prol da abolição proferidas por Joaquim Nabuco.
Conhecendo um pouco da história é possível perceber o quanto Pernambuco está ligado ao teatro, é reconhecido como o terceiro maior pólo nesse segmento no Brasil, perdendo apenas para o Rio de Janeiro e São Paulo. Entretanto essa forma de lazer tem sido deixada em segundo plano, e apesar de seu potencial, não recebe a valorização necessária do público, da mídia e do governo; têm faltado investimentos e incentivos para fazer com que as pessoas passem a fazer da ida ao teatro um hábito.
Em um estado com tantos teatros, a movimentação com relação a essa forma de cultura deveria ser muito maior, existem muitos espaços que não estão sendo utilizados e que não recebem a devida atenção. Uma prova da falta de investimentos nessa área se dá também pelo único curso universitário de Artes Cênicas oferecido no Estado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Fica um pouco mais complicado quando a narrativa é sobre os grupos que vão se formando em Pernambuco, viver de teatro aqui não é uma tarefa fácil, o que faz com que muitas pessoas ligadas a esse ramo procurem outras profissões e sigam no teatro apenas como hobby. Outro obstáculo que se apresenta é a dificuldade dos produtores em conseguir pauta nos teatros oficiais.
Mesmo com todas essas dificuldades existem alguns grupos que conseguem se destacar, e algumas companhias estão inclusive representando Pernambuco em festivais nacionais de teatro. O Governo tem começado a despertar para a importância de se investir nessa forma de cultura e tem implantado alguns projetos de incentivo como o Funcultura (Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura / Estadual) e o SIC (Sistema de Incentivo à Cultura Municipal), que não conseguem atender a demanda totalmente, mas já contribui bastante para que os grupos possam ter a oportunidade de mostrarem o seu trabalho.
É só pensarmos no Teatro Santa Isabel, no Valdemar de Oliveira, no Teatro do Parque que percebemos o quanto nosso estado ainda pode evoluir nesse quesito, e no quanto ainda é preciso investir para fazer desse um meio de lazer para todas as famílias pernambucanas. Já temos bons exemplos de investimentos nesse ramo que é o maior teatro ao ar livre do Mundo, em Fazenda Nova, onde atores encenam anualmente a temporada da Paixão de Cristo, um dos mais belos espetáculos da região.
O importante para todos os grupos que se formaram ou estão se formando aqui no estado é continuar acreditando nesse sonho e lutar para que cada vez mais essa profissão possa ser reconhecida e ganhar o seu devido espaço no mercado. Lembrando que essa é uma de nossas maiores formas de expressão, na qual podemos divertir, emocionar, conscientizar e criticar, através de histórias que podem ou não ser reais, mas que sempre deixam a sua contribuição!
Por Eline Penalva - GRUTAS