Carnaval Pernambucano: Origem e Tradição
O carnaval surgiu a partir da implantação, no século XI, da Semana Santa pela Igreja Católica, que é antecedida por 40 dias de jejum antes da Quaresma. Este longo período de privações antes da Quaresma incentivou a criação de festividades nos dias que antecedem a Quarta-feira de cinzas, o primeiro dia da Quaresma. Assim, a palavra carnaval está relacionada com o afastamento dos prazeres da carne (carne vale). A cidade de Paris foi o principal modelo exportador do carnaval moderno, com seus desfiles e fantasias. Cidades como Nice, Toronto, Nova Orleans e Rio de Janeiro se inspiraram na capital francesa.
Porém, quando paramos para observar o carnaval pernambucano notamos uma grande diferença em relação aos outros estados do Brasil e esta diferença surpreende não só a nós, mas a todos os que vêm ao nosso estado para curtir esta festa: a pluralidade. O carnaval Pernambuco é rico, plural, multicultural, atende a todos os gostos e todas as tribos.
Na capital e em Olinda, a maior pedida é ferver ao som do Frevo, uma dança centenária que teve origem nos movimentos da Capoeira. A estilização dos passos foi resultado da perseguição infligida pela Polícia aos capoeiras, que aos poucos sumiram das ruas, dando lugar aos passistas. Em meados do século XIX, em Pernambuco, surgiram as primeiras bandas de músicas marciais, executando dobrados, marchas e polcas. Estes agrupamentos musicais militares eram acompanhados por grupos de capoeiristas. Por esta mesma época, surgiram os primeiros clubes de carnaval de Pernambuco, entre eles o Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas (1889) e o C.C.M. Lenhadores (1897), formados por trabalhadores, cada um possuindo a sua banda de música. Os capoeiristas necessitavam de um disfarce para acompanhar as bandas, agora dos clubes. Assim, modificaram seus golpes acompanhando a música, originando tempos depois o "Passo" (a dança do Frevo) e trocando suas antigas armas pelos símbolos dos clubes que, no caso dos Vassourinhas e Lenhadores, eram constituídos por pedaços de madeira encimados por uma pequena vassoura ou um pequeno machado, usados como enfeites. sombrinha teria sido utilizada como arma pelos capoeiristas, à semelhança dos símbolos dos clubes e de outros objetos como a bengala. De início, era o guarda-chuva comum, geralmente velho e esfarrapado, hoje estilizado, pequeno para facilitar a dança, e colorido para embelezar a coreografia. Atualmente a sombrinha é o ornamento que mais caracteriza o passista e é um dos principais símbolos do carnaval de Pernambuco. Ao som desta música maravilhosa a capital pernambucana está no Guinness Book por possuir o MAIOR BLOCO DE CARNAVAL DO MUNDO, O GALO DA MADRUGADA, que a cada ano arrasta milhares de foliões pelas ruas do centro. Já em Olinda, destacamos os famosos Bonecos Gigantes que fazem uma festa maravilhosa subindo e descendo todas aquelas ladeiras históricas.
Mas não para por aí, se parasse não seria Pernambuco. Ao chegar na Zona da Mata nos deparamos com o Maracatu, uma dança de origem africana com elementos indígenas e portugueses. No passado possuía uma característica altamente religiosa, sendo dançada em frente à igrejas e em festas cívicas. O maracatu como manifestação artística apresenta-se com uma indumentária européia e um espírito africano. Como uma autêntica nação, busca a identidade do povo e a dignidade do indivíduo. Nobre e majestoso, alegre e solene, tradicionalmente fundamentado numa religião afro-brasileira: o candomblé. Seus símbolos e divindades orientam os passos do cortejo. As nações mais autênticas têm na sua rainha uma Ialorixá; suas sedes quase sempre num terreiro e nas vestimentas, as cores dos orixás.
Em Bezerros, encontramos os Papangus, alegres foliões mascarados que circulam pelas ruas das cidades, dando um colorido especial à festa. A partir dos anos 1960, os papangus de Bezerros ficaram mais numerosos, embora uns ainda usando fantasias pobres, mas outros já exibindo batas coloridas e máscaras bem trabalhadas. A partir da década de 1990, depois que a televisão começou mostrar aquela característica do carnaval da cidade, os papangus bezerrenses passaram a usar máscaras sofisticadas, confeccionadas com todo tipo de material e desenhadas por artistas plásticos locais ou de outras regiões do Estado. Em Pesqueira, o destaque são os Caiporas. Já em Triunfo, os Caretas é que fazem a festa.
Estes são apenas alguns exemplos que provam como o carnaval pernambucano é rico e justificam porque é tão amado por nós, pernambucanos, e por nossos visitantes.
Por Gleyci Kelli - GRUTAS